Da Matéria dos Sonhos - Inception (a origem)

Criai ânimo, senhor; nossos festejos terminaram. Como vos preveni, eram espíritos todos esses atores; dissiparam-se no ar, sim, no ar impalpável. E tal como o grosseiro substrato desta vista, as torres que se elevam para as nuvens, os palácios altivos, as igrejas majestosas, o próprio globo imenso, com tudo o que contém, hão de sumir-se, como se deu com essa visão tênue, sem deixarem vestígio.
Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono.

Shakespeare, "A Tempestade", Ato IV, cena I
Os fetos sonham dentro do útero. A partir do oitavo mês de gravidez, os sonhos podem ocupar 30% do tempo em que dorme, nos adultos, essa fase ocupa cerca de 25%. São sonhos sensoriais, baseados nos sons que os cercam, na temperatura, no quanto sacolejam em uma viagem de ônibus. Os recém-nascidos sonham com o útero, nós também. Sonhamos para digerir os dias, as horas e os momentos. Sonhamos com coisas supostamente esquecidas, com desejos inconfessáveis, com o desconhecido que somos.
A oniromancia prevê o futuro através da interpretação dos sonhos e goza de grande simpatia no mundo judaico-cristão: São José fora avisado em sonho de que sua esposa Maria iria conceber uma criança e que o menino seria de Deus, que devia relaxar. Em 1901 Freud lança “A interpretação dos sonhos”, uma publicação polêmica. Para o alemão, os sonhos seriam meramente uma fachada, por trás dela estariam seus reais significados: desejos irrefreáveis, perversões e vontades que jamais passariam por nossa censura moral sem nos deixar de aterrorizados e a seriamente perturbados.

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